Conforme avalia o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter apresentado crescimento no terceiro trimestre e, nos próximos meses, deve registrar “alguma aceleração”, reforçada pela liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). A ata do Comitê, responsável por fixar os juros básicos da economia foi divulgada nesta terça-feira (5/11).
A Selic, taxa básica de juros da economia, foi reduzida de 5,5% para 5% ao ano, seguindo decisão do Copom da semana passada. O parecer acarretou no menor percentual da Selic desde 1999, data de início do regime de metas para a inflação.
A ata do BC estimou que as projeções de inflação estão em “níveis confortáveis” dentro do regime de metas. Essa estimativa inclui as medidas subjacentes, aquelas que procuram captar a tendência dos preços. “As estimativas e projeções de curto prazo indicam que a inflação acumulada em 12 meses ainda deve ter recuado em outubro, para níveis ao redor das mínimas observadas durante o regime de metas para a inflação, voltando a se elevar ao longo dos últimos meses do ano”, conforme registrado na ata.
A trajetória de curto prazo, de acordo com avaliação do Copom, reflete uma inflação abaixo do esperado pelo colegiado em setembro e revisão, também para baixo, da projeção referente ao mês de outubro.
Taxa de juros
A inflação é controlada pelo BC, principal compromisso da entidade, seguindo o sistema de metas. Em 2019, a meta central de inflação é de 4,25%, podendo oscilar de 2,75% a 5,75%. Em relação ao ano seguinte, o objetivo central é de 4%, com oscilação de 2,5% a 5,5%.
Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros. Quando superam a trajetória esperada, a taxa básica de juros da economia é elevada. A definição da Selic é feita de acordo com as previsões de inflação do ano que vem. O BC permanece atento às mudanças porque as decisões levam meses para ter impacto pleno na economia. A previsão do mercado para este ano é que a inflação fique em 3,29% e, em 2020, em 3,6%.
No cenário com juros e câmbio estimados pelo mercado financeiro, a ata prevê que a inflação ficará em torno de 3,4% para este ano, de 3,6% para 2020 e de 3,5% em 2021, em semelhança com as metas de inflação. O BC pontuou, na ata, que “no horizonte relevante para a política monetária, o cenário com taxa Selic extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante produz inflação abaixo da meta para 2020 e ligeiramente abaixo da meta para 2021”.
O Copom já indicou que pretende realizar um novo corte de juros, em dezembro, para 4,5% ao ano, conforme o cenário projetado para a inflação. O atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela para as decisões de 2020, em eventuais novos ajustes no grau de estímulo. “O Copom reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe as próximas decisões e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”, informa.
Em relação ao mercado financeiro, a estimativa é que o Banco Central reduza novamente os juros em fevereiro, para 4,25% ao ano. Logo, a taxa permanecerá neste patamar até setembro do ano que vem, quando avançaria para 4,5% ao ano até o final de 2020.
Reformas econômicas
A ata do Comitê reitera a perspectiva de que a “continuidade do processo de reformas e a perseverança nos ajustes necessários na economia brasileira são essenciais para permitir a consolidação da queda da taxa de juros estrutural, para o funcionamento pleno da política monetária e para a recuperação sustentável da economia”. Além disso, acrescentou que a percepção de continuidade da agenda de reformas influencia as expectativas e projeções macroeconômicas vigentes.
Em relação à relevância da aprovação da Reforma da Previdência pelo Congresso Nacional, os integrantes do Copom reforçaram a importância da continuidade do processo de reformas e ajustes que gerem sustentabilidade da trajetória das contas públicas. “Ao reduzirem incertezas fundamentais sobre a economia brasileira, essas reformas tendem a trabalhar no mesmo sentido da política monetária e, portanto, estimular o investimento privado. Esse potencial efeito expansionista deve contrabalançar impactos de ajustes fiscais correntes sobre a atividade econômica, além de mitigar os riscos de episódios de forte elevação de prêmios de risco”, avaliou o Copom.
Fonte: Correio Braziliense/Classe Contábil